martes, 30 de marzo de 2010

Lisboa, puerto de salida: Los Refugiados de Barrancos.

Teniente de la Guarda Fiscal, Seixas.


Rio Ardila, frontera España y Postugal, cerca de Barrancos.





Hace unos dias (24 y 25 de Marzo) se celebraron las Jornadas "Lisboa Porto de Saída", organizadas por Instituto Cervantes, de Lisboa.
Además de dos mesas redondas, se proyectó el documental "Los refugiados de Barrancos", y se trató de ese episodio humanitario, que se centra en los hechos ocurridos en Septiembre de 1936, en la frontera luso española, cuando los últimos pueblos y ciudades republicanos extremeños situados en el suroeste de la provincia de Badajoz, junto a Portugal, son conquistados por las tropas golpistas del general Franco. Al igual que en Badajoz y otras poblaciones, la represión que desataron fue brutal. El apoyo del dictador portugués Salazar a los golpistas no hacía aconsejable huir hacia Portugal, pero para muchos fue su única salida. De esta manera, cientos de personas decidieron cruzar la frontera perseguidos de cerca por los sublevados. El procedimiento habitual de las autoridades portuguesas fue entregarlos a sus aliados franquistas, que procedieron a fusilarlos sin tardanza. Sin embargo, gracias a la humanitaria intervención del teniente portugués António Augusto de Seixas, se crearon dos campos de refugiados junto a la localidad de Barrancos, para alojar y proteger a este grupo de españoles, en su mayoría extremeños.


Dentro de esas Jornadas, la Antropologa Dulce Simões, que ultima su tesis doctoral, hizo la siguiente disertación que reproducimos a continuación, en su idioma original, por su evidente interés, sobre ese episodio histórico, conocido ya, como el caso de "Los refugiados de Barrancos":



O governo regional da Estremadura espanhola atribuiu ao município de Barrancos o seu máximo galardão, a Medalha da Estremadura de 2008, como símbolo de reconhecimento e gratidão pela solidariedade e acolhimento a todos os estremenhos forçados a fugir do seu País em virtude de conflitos sociais e políticos. Ao longo do processo histórico a fronteira de Barrancos ligou e separou em função de contextos históricos específicos, pautados pela política dos Estados ibéricos e simultaneamente pela acção dos indivíduos, porque apesar de poder ser olhada como uma barreira, a fronteira foi sempre transcendida pelas redes sociais que servem de sustentação às culturas raianas. O reconhecimento institucional resultou de um movimento social iniciado em Fevereiro de 2009 no Facebook, na sequência da projecção do documentário “Los refugiados de Barrancos”, em Cáceres, por iniciativa de cidadãos espanhóis socialmente comprometidos com o movimento de recuperação da memória histórica da II Republica e do franquismo. O caso dos refugiados republicanos acolhidos em Barrancos, que permaneceu silenciado da história de ambos os países durante as ditaduras ibéricas, representando uma “memória colectiva” circunscrita à vida dos seus protagonistas e testemunhas, emerge assim como “objecto histórico” graças à sua mediatização. Neste caso a mediatização permitiu inscrever a memória do acontecimento na história contemporânea, numa versão legitimadora do presente, demonstrando como a memória representa simbolicamente um instrumento de poder. Como afirmou Jacques Le Goff, uma das grandes preocupações das classes e dos grupos que dominam as sociedades com História é tornarem-se senhores da memória e do esquecimento, e “os esquecimentos e os silêncios da História são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória colectiva”.


A guerra civil de Espanha provocou a mais importante “emigração forçada” ao longo da história de Espanha e a crise humanitária decorrente do deslocamento de milhares de pessoas exigiu a intervenção do governo republicano com a criação do Comité Nacional de Refugiados. Na fronteira portuguesa a sua entrada foi constante desde Caminha a Vila Real de Santo António, com maior incidência entre Agosto e Novembro de 1936. Javier Rubio identifica a existência de três momentos de exílios massivos de refugiados espanhóis para território português. O primeiro, na última semana de Julho de 1936, de centenas de carabineiros e milicianos que haviam resistido às forças nacionalistas, a sul da província de Pontevedra e de Orense. O segundo momento ocorre em Agosto quando os habitantes de Encinasola procuram refúgio em Barrancos receando os confrontos entre os carabineiros fiéis ao golpe militar e as milicias republicanas provenientes de Riotinto. Este grupo, constituído principalmente por mulheres, crianças e idosos foi acolhido por várias famílias barranquenhas, com as quais mantinham relações de amizade e de parentesco. O terceiro momento resulta do êxodo republicano provocado pela tomada de Badajoz e a consequente ocupação das localidades estremenhas fronteiriças, pelos nacionalistas. Entre Agosto e Setembro milhares de pessoas procuram refúgio em Portugal, activando as redes de relações sociais com portugueses e compatriotas republicanos. Destes milhares de refugiados algumas centenas de militares e representantes do poder local e regional foram detidos em presídios pela PVDE, enquanto centenas de civis concentrados em Campo Maior e Elvas foram entregues aos nacionalistas na fronteira do Caia.


Entre a chegada dos primeiros refugiados e Outubro de 1936 foram registadas diversas entregas aos nacionalistas, sem contudo ser possível precisar o seu número exacto. Esta actuação sistemática das autoridades portuguesas obrigou o Governo republicano a apresentar ao Comité de Não Intervenção de Londres uma acusação contra Portugal, denunciando a entrega de refugiados às forças nacionalistas para fuzilamentos sumários em Badajoz. Neste contexto de atrocidades e violação dos direitos humanos, os campos de refugiados improvisados na Herdade da Coitadinha e na Herdade das Russianas representaram uma excepção, permitindo a sobrevivência de cerca de 1.020 pessoas. O historiador César Oliveira avançou com uma previsão sobre o número de refugiados republicanos, considerando os entregues e os que foram acolhidos em Portugal, “num valor superior a 2.000 pessoas, podendo mesmo ter ultrapassado as 3.000”. Por outro lado, Javier Rubio fala-nos de 5.000 a 6.000 exilados republicanos em Portugal.


Na fronteira de Barrancos os militares possibilitam a sua permanência em território português, e no espaço liminar da fronteira improvisam campos de refugiados, até ser decidido oficialmente o seu destino. O tenente Seixas assumiu a responsabilidade dos campos, sendo posteriormente oficializado pelo governo português o campo da Coitadinha. Contudo, foi permitindo a concentração mais três centenas de refugiados nas Russianas sem conseguir que o Director da PVDE oficializa-se a sua existência. Paralelamente, os refugiados conviveram com o terror que trespassava a fronteira portuguesa, através de relatos de fuzilamentos de parentes e amigos, contribuindo para que portugueses e espanhóis partilhassem da emoção colectiva do conflito.


A política do Estado português e o discurso anti-comunista contribuíram para a construção da “diferença”, no procedimento das autoridades para com os republicanos, todavia, as estratégias de resistência das populações e a acção de alguns militares no terreno opuseram-se ao poder dominante. Nos campos de Barrancos os refugiados viveram o “tempo da acção”, apesar de incerto, na luta pelo direito à vida, forjado em compromissos políticos internacionais que asseguraram o regresso ao país de origem. Na hora da partida para Tarragona o tenente Seixas conseguiu assegurar o transporte de todos os refugiados dos campos de Barrancos, cujo número excedia o que era oficialmente conhecido pelo governo português, sendo por isso penalizado com dois meses de suspensão e passagem compulsiva à reforma. Contudo, recorreu da sentença e foi reintegrado na Guarda Fiscal como comandante da secção de Sines em 1938.


Mas para os republicanos o medo permaneceu durante a viagem, receando serem entregues aos nacionalistas que sobrevoaram o navio Nyassa ao longo do percurso. Após a chegada a Tarragona os refugiados irão percorrer trajectórias de vida fragmentadas, mas a consciência política atribui-lhes sentido e significado. Os refugiados espanhóis transportavam um forte sentimento ideológico e de honra pessoal. Para muitos dos refugiados de Barrancos a frente de guerra constituiu mais uma etapa das suas vidas, movidos por um ideal político concreto, enquanto na retaguarda as mulheres desenvolviam trabalho comunitário assegurando a sua sobrevivência e a de seus filhos. À medida que os nacionalistas foram devastando a Espanha republicana, estes homens mulheres e crianças foram obrigados a encetar novas trajectórias de vida, que vão desde a prisão ao exílio. Novamente em trânsito milhares de pessoas percorrem uma caminhada imensa a pé, desde a Catalunha ao sul de França. Trespassada a fronteira são instalados em campos improvisados à beira-mar, “à margem do mundo e da humanidade” tal como “párias” ou “intocáveis” da sociedade hindu, com os quais o contacto físico é simbolicamente poluente. Esperando, esperando, dependentes de acordos e da acção humanitária internacional. Os que tinham menos recursos reconstruíram as suas vidas em França, sem jamais regressarem a Espanha e às suas povoações de origem, representando o percurso de vida da maioria dos refugiados.


Na década de 1940, aqueles que sobreviveram à pena de morte, à prisão e aos campos de concentração franquistas, regressaram às suas povoações, sujeitando-se à justiça das autoridades locais até ser decidido o seu futuro, vivendo vidas suspensas. Transportavam consigo o estigma de “rojo”, e o franquismo negou-lhes o direito à cidadania, condenando-os à humilhação e à marginalização social, perante a indiferença da comunidade internacional. Segundo a Asociación de Descendientes del Exilio Español foram condenadas ao exílio 350.000 pessoas, das quais a maioria ficou em França, Suíça e Rússia, e mais de 50.000 partiram para a América Latina. O México, onde o então presidente Lázaro Cárdenas se negou a reconhecer o governo de Franco, acolheu 25.000 refugiados, concedendo-lhes a nacionalidade mexicana. Do “exílio forçado”, apenas 5% dos refugiados regressaram a Espanha depois da morte de Franco. O poeta Pedro Garfias (falecido no México em 1967) deixou para sempre um poema de dor deste êxodo, cujo primeiro verso dizia: “España que perdimos, no nos pierdas”.

Dulce Simões (Antropóloga).

lunes, 29 de marzo de 2010

Nueva iniciativa de apoyo al juez Garzón.







Una nueva iniciativa de apoyo al juez Garzón. Esta vez promovida por el ex-fiscal anticorrupción Carlos Jiménez Villarejo, quien propone enviar masivamente al Consejo General del Poder Judicial un escrito pidiendo que no se inhabilite a Garzón. Esta iniciativa forma parte de la movilización social que se ha desplegado en las últimas semanas después de que el CGPJ tenga en sus manos la inhabilitación del juez que intentó juzgar los crímenes de la dictadura fascista en nuestro país.

El escrito debe ser remitido al BUZÓN DE CONTACTO del CGPJ en la dirección:
O bien a mediante e mail a la siguiente dirección:
webmaster@cgpj.es.
Animaos a enviarla y a difundirla entre vuestros contactos. No debemos permitir esta perversidad y humillación a las víctimas de la dictadura franquista, la Justicia y la democracia.


El texto puede ser algo así:


Sr. Presidente y Consejeros del Consejo General del Poder Judicial. Ante la noticia de que en fecha próxima han de resolver sobre la “suspensión de funciones” del magistrado D. Baltasar Garzón por razón los procedimientos judiciales incoados contra el mismo por el Tribunal Supremo, como ciudadano de un Estado Democrático de derecho y en el ejercicio del derecho de petición, reconocido en el Art. 29 de la Constitución y desarrollado por la L.O. 4/2001,solicito de Vds, con el respeto debido pero también con la máxima energía, que no acuerden dicha suspensión de conformidad con las fundadas razones de la Fiscalía General del Estado. En caso contrario, la decisión causaría un gravísimo perjuicio al principio constitucional de independencia judicial y a los valores democráticos constitucionales. Atentamente.”

viernes, 26 de marzo de 2010

Investigar los crímenes del franquismo es un deber y no un delito


Amnistía Internacional (AI) ha subrayado este viernes que investigar los crímenes del franquismo "es un deber y no un delito" y ha advertido al Tribunal Supremo de que su decisión de enjuiciar a Baltasar Garzón "compromete la responsabilidad internacional del Estado español".

La jurista de AI Julia Tamayo ha asegurado que, con el auto en el que ayer el Supremo confirmó la resolución en la que el instructor de la querella contra Garzón rechazaba el archivo de ésta, "la Justicia del país con mayor número de desapariciones forzadas del siglo XX se acerca más a castigar al único juez que ha intentado investigarlas".

Tamayo ha destacado que el Supremo ha hecho suya la apreciación del instructor, Luciano Varela, de que no es absurdo calificar de prevaricadora la actuación de Garzón al considerar "como hecho probable" que éste ignoró conscientemente lo dispuesto en la Ley de Amnistía al abrir una causa para investigar las desapariciones durante el franquismo y la Guerra Civil.

"Considerar que la impunidad puede ser convalidada por una Ley de Amnistía se aparta de la doctrina de los tribunales internacionales y de tratados que vinculan a España", ha dicho la representante de AI, que ha añadido que el Supremo debería tenerlo en cuenta ante el riesgo de "comprometer la responsabilidad internacional del Estado español".

"España no es una excepción"
Tamayo ha recordado que los países que se han negado a juzgar este tipo de crímenes han acabado anulando las leyes de Amnistía o siendo considerados por los tribunales internacionales "responsables de haber contravenido la legislación internacional".

"Más temprano que tarde van a tener que aceptar que era un deber investigar, porque España no es una excepción", ha dicho Tamayo, que ha agregado que la causa abierta a Garzón "sólo causa daño a las víctimas" y al juez y es "un aviso a navegantes" a cualquier otro que quisiera investigar los crímenes del franquismo.

Jiménez Villarejo ve 'fraude' de ley en la decisión del fiscal sobre Companys.


Jiménez Villarejo ve 'fraude' de ley en la decisión del fiscal sobre Companys.


Montilla se da por satisfecho y acepta no recurrir la sentencia ante el Supremo.-

La Junta de Fiscales de Sala acordó ayer una decisión que promete provocar polvareda política: considerar que no es necesario presentar un recurso de revisión ante el Tribunal Supremo para anular el juicio sumarísimo en el que se condenó a muerte al presidente de la Generalitat Lluís Companys. La fiscalía alega que no tiene que dar ese paso porque, en aplicación de la Ley de la Memoria Histórica, los juicios franquistas ya son de por sí nulos. La clase política, encabezada por el presidente de la Generalitat José Montilla, acogió con complacencia la decisión. Sólo Esquerra Republicana discrepó y la tachó de "vergonzosa".


El ex fiscal jefe de Cataluña y ex fiscal anticorrupción Carlos Jiménez Villarejo fue categórico y la calificó de "fraude de ley". "El fiscal es sólo una parte del proceso y no hay nulidad hasta que lo dicta un tribunal. Su actuación no es admisible", dijo Villarejo, que expresó su "tristeza" y "decepción" ante la decisión de los fiscales y por la forma en que la ha encajado buena parte del Gobierno de izquierdas. "Companys seguirá siendo un rebelde culpable, un delincuente. Según la Ley de Enjuiciamiento Criminal, mientras no se anula la sentencia, los condenados no pueden declararse inocentes".


El caso Companys desencadenó ayer un nuevo desencuentro en el tripartito. Montilla avisó que no es jurista, pero se declaró "satisfecho" porque cree que pone punto final a una reivindicación histórica de su Gobierno. "Ya se ha hecho desde el campo político y ético, y ahora se añade la restitución desde el campo judicial", dijo tras la celebración de los actos de los 30 años del Parlament. Iniciativa dio por buena la decisión de los fiscales y CiU señaló que "se acerca" a reparar la figura de Companys. Joan Ridao, diputado de ERC, se desmarcó por completo y avisó que no se rendirá ante la forma en que la fiscalía quiere dar carpetazo al asunto.
Maria Lluïsa Gally, nieta del presidente Companys, dijo estar de entrada "contenta", aunque no quiso ir más allá, a la espera de leer con detenimiento el documento. El Consell Executiu acordó en octubre de forma solemne, coincidiendo con el último aniversario del fusilamiento de Companys, solicitar a la fiscalía que presentara un recurso ante el Supremo para pedir la anulación del juicio. La paradoja es que seis meses después socialistas y ecosocialistas den por válido que no se formule el recurso, porque el argumento que esgrime ahora la fiscalía de ampararse en la Ley de la Memoria Histórica ya lo conocían entonces. Villarejo, que está comprometido con el el Memorial Democrático y precisamente se encuentra elaborando un informe jurídico sobre el caso Companys, señaló anoche que los fiscales debían cursarlo aún a riesgo de perderlo.


"Que tengan la valentía de hacerlo. En 1999, el fiscal Javier Moscoso, sin que le amparara la Ley de la Memoria Histórica, recurrió la condena del militante comunista Julián Grimau ante la Sala Quinta del Supremo. Y la perdió. Mi hermano, presidente de esa sala, emitió un voto particular por considerarla una arbitrariedad". Fuentes de la Fiscalía del Tribunal Supremo advirtieron ayer de que su decisión ha dejado el caso cerrado. El dictamen, en cualquier caso, es ambiguo: primero, rechaza las pretensiones de la Generalitat y se declara "legalmente improcedente" pedir al Supremo la revisión del caso. Pero luego, en su argumentación, considera nula la sentencia de Companys. En el documento se analizaba la Ley de Memoria Histórica, que declara "ilegítimos" los juicios. En la redacción de la ley, se pactó esta definición para evitar declarar la nulidad de todos los juicios franquistas. La fiscalía cree que este término ya es suficiente y que de él se desprende que las condenas son "nulas de pleno derecho por aplicación directa" de la ley.

martes, 23 de marzo de 2010

Investigar al magistrado que cuestionó la amnistía menoscaba el estado de derecho


Human Rights Watch es una de las principales organizaciones internacionales independientes dedicadas a la defensa y la protección de los derechos humanos. Human Rights Watch lleva 30 años trabajando tenazmente por sentar las bases jurídicas y morales para un cambio profundamente arraigado, y luchando para que las personas de todo el mundo disfruten de mayor justicia y seguridad. Ha publicado el pasado dia 19, este comunicado sobre el proceso al juez Garzón, por haber abierto la causa contra los crimenes del franquismo, que reproducimos a continuación:





Investigar al magistrado que cuestionó la amnistía menoscaba el estado de derecho
Marzo 19, 2010


La interpretación rigurosamente ajustada al derecho internacional realizada por Garzón ha ayudado a promover la justicia por violaciones graves de derechos humanos cometidas en otros países. Es irónico que España no esté cumpliendo con los estándares que Garzón ayudó a hacer cumplir en el extranjero.


(Washington, DC) – Las autoridades españolas deberían cumplir la recomendación de las Naciones Unidas de poner fin a la ley de amnistía de 1977, en lugar de investigar a un magistrado que busca la rendición de cuentas por los abusos del pasado, señaló hoy Human Rights Watch.


El Magistrado de la Audiencia Nacional Baltasar Garzón está siendo investigado penalmente por indagar 22 casos de presuntas detenciones ilegales y desapariciones forzadas de más de 100.000 víctimas, ocurridas entre 1936 y 1951. Los tribunales españoles han impedido sistemáticamente las investigaciones sobre abusos cometidos durante la guerra civil que sufrió el país (1936-1939) y la dictadura del General Francisco Franco (1939-1975), invocando una ley de amnistía de 1977 que se aplica a todos los delitos “de intencionalidad política” cometidos antes de diciembre de 1976. Uno de los principales argumentos en contra de Garzón es que en su investigación sostuvo que la ley de amnistía no se aplicaba a los delitos de lesa humanidad.


“Los tribunales españoles, que se han distiguido por no investigar denuncias de delitos aberrantes cometidos en el pasado, curiosamente hoy están siendo activos en la investigación de un magistrado que buscó impulsar la rendición de cuentas por esas atrocidades”, afirmó José Miguel Vivanco, director para las Américas de Human Rights Watch.


El Tribunal Supremo está llevando a cabo una investigación penal para determinar si Garzón incurrió en el delito de prevaricación. Un magistrado del Tribunal Supremo afirmó que Garzón no había aplicado la ley de amnistía de 1977 a los casos de desapariciones forzadas, y que no existen fundamentos de derecho internacional para impedir que estos delitos se beneficien de la ley de amnistía. Garzón apeló esta decisión y la apelación se encuentra pendiente.


Conforme al derecho internacional, los gobiernos tienen la obligación de garantizar a las víctimas de violaciones de derechos humanos un recurso efectivo, incluidas la justicia, la verdad y reparaciones adecuadas. El Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos (PICDP), ratificado por España en 1977, dispone específicamente que los gobiernos tienen la obligación “de garantizar que toda persona cuyos derechos o libertades… hayan sido violados [pueda] interponer un recurso efectivo”.


En 2008, el Comité de Derechos Humanos de la ONU, encargado de supervisar el cumplimiento del PIDCP, instó a España a derogar la ley de amnistía de 1977 y a garantizar que los tribunales nacionales no apliquen plazos de prescripción a los delitos de lesa humanidad. El Tribunal Europeo de Derechos Humanos determinó en 2009, como principio general, que las leyes de amnistía son generalmente incompatibles con la obligación de los estados de investigar los actos de tortura o barbarie.


Human Rights Watch ha reconocido la contribución de la labor del Magistrado Garzón para obtener justicia por atrocidades cometidas en todo el mundo. En una iniciativa histórica, Garzón aplicó el principio de jurisdicción universal para acusar al dictador chileno Augusto Pinochet por el homicidio y la tortura de miles de personas, lo cual permitió la detención de Pinochet en Londres en 1998. Su detención fue clave para impulsar que el sistema de justicia chileno juzgara los abusos del pasado. Asimismo, a solicitud de Garzón, fue posible la extradición desde México de Ricardo Miguel Cavallo, un ex militar argentino implicado en la comisión de atrocidades durante la dictadura militar. Cavallo fue extraditado a España en 2003 acusado de genocidio y terrorismo, y finalmente fue enviado a Argentina para ser juzgado por los tribunales de ese país.


lunes, 22 de marzo de 2010

GRACIAS, BARRICADA


Barricada. La tierra está sorda. El viernes 19 de marzo, disfrutamos de la Charla + Acústico en Zafra de Barricada, con intervenciones de Felipe Cabezas, Miguel A. Alcántara, Ángel Olmedo, Cecilio Gordillo, José Hinojosa, Mercedes Santos, José Manuel Corbacho Palacios, Libertad González... Un emotivo acto, organizado por los compañeros de la Armh de Zafra y el IES Suarez de Figueroa, que contó por supuesto con el apoyo de la ARMHEX, y que tuvo de fondo el recuerdo y homenaje a Dulce Chacón. Fue en cierta medida también un homenaje del movimiento memorialista a Barricada. Gracias Barricada.



Las intervenciones durante el acto de Barricada consistieron en brevísimas alocuciones de dos tipos: testimonios y comentarios (en los que se habló de algo relacionado con la guerra civil en Zafra o Extremadura). Por eso, inmediatamente antes de las canciones, en momentos previamente convenidos, cada una de las personas se levantó desde su asiento entre el público y leyó su alocución. Como la intención es que la charla acústica se convirtiera en un homenaje a Barricada, cada intervención finalizó con la expresión “Gracias, Barricada”.




Enrique Villarreal, líder y autor de la mayor parte de las letras de tan magnífico disco, nos contó su enganche con los temas de la memoria histórica a partir de la lectura de "La voz dormida" de Dulce Chacón. Lleva leídos más de cincuenta libros de historia de la guerra desde entonces, entre ellos el de Jose María Lama, "La amargura de la memoria". Como sabréis los que conozcáis el citado Libro disco, José Mª lama, escribe a petición de Enrique en el mismo, un texto sobre Dulce y su relación con la memoria histórica.




El disco salió en noviembre pasado con el título "La tierra está sorda". Además de un disco con 18 canciones, como ya se ha dicho, es un libro de 175 páginas con artículos de varios historiadores, entre los que están nuestros amigos de la Armhex: los historiadores extremeños Francisco Espinosa Maestre y el ya citado José María Lama, además de Julián Casanova, Javier Rodrigo, Emilio Majuelo, y otros más. Una magnfíca manera por otro lado, de acercar el tema de la memoria histórica, a una parte de la juventud.





El otro día en Zafra, antes de que el grupo interpretara la canción: "Las siete de la tarde", pronunció su comentario, José Manuel Corbacho, presidente de la Asociación de Memoria Histórica de Extremadura (ARMHEX), sobre el tema: los campos de concentración en Extremadura, que decía:



"En Extremadura hubo varios campos de concentración franquistas tras la guerra, situados sobre todo en la zona que había sido bolsa republicana de La Serena: Siruela, Fuenlabrada de los Montes, Castilblanco, Cíjara, Caserío de Zaldívar… Pero sin duda, el más famoso y temible fue el de Castuera. 72.000 metros cuadrados dedicados al horror, donde murieron muchos extremeños. La arbitrariedad, las palizas y unas condiciones de existencia infrahumanas, eran sus señas de identidad.
Sacas de prisioneros y “paseos” fueron práctica habitual. Prueban este hecho el importante número de “desaparecidos”. Muchas familias tienen aún hoy, el Campo de Castuera como última referencia de vida de sus seres queridos. Entre los “desaparecidos” nombrar a personas como el Alcalde socialista de Zafra, José González Barrero, cuya hija Libertad, nos acompaña hoy, o al que fue Alcalde de Campanario Antonio Gallardo Ayuso, o a José Sayabera Miranda, miembro del Partido Comunista en Castuera, sin olvidar a sus hijos que estaban con él, Francisco y Santiago, o a Miguel Fernández Morillo y su hermano Juan. A Juan Navarro Tárraga, Antonio Morillo-Borregas Calderón, a Manuel Esperilla Tena, y tantos otros... Contra el olvido, aún hoy, más 70 años después, seguimos reclamando verdad, justicia y reparación. En nombre de todos aquellos desparecidos y en nombre del movimiento memorialista, Gracias Barricada".



martes, 16 de marzo de 2010

BANDERAS QUE HABLAN



Por su interés publicamos este texto remitido, por la Profesora Luisa Tiago, desde Lisboa.


Um texto de Luísa Tiago de Oliveira (Profesra Dra. Historia cotemporánea. Lisboa).

Bandeiras que falam.

A propósito de um artigo de El País: “Querido abuelo, vamos a enterrarte con la abuela, tu esposa”


Em 2010, um ancião alto e magro entrega as urnas com o que ficou dos corpos dos companheiros, mortos de fome, nos cárceres franquistas. Recebem estes despojos, recuperados, os familiares, procurando uns conter as lágrimas enquanto outros as abrem. Abraçam-se. Nas fotografias, distinguem-se bem os netos, que são também aqueles que erguem os punhos quando vão receber os restos dos avós. Em 2010, com este gesto de outrora, reactiva-se a simbólica dos anos 1930 em que à saudação fascista se opuseram os punhos cerrados.
Ao ver o artigo de El Pais e as fotografias anexas, percorremos também décadas de silêncio e emoções abafadas, gestos lacónicos para sentimentos de força calada.
Perguntamo-nos de onde terão vindo aquelas bandeiras tricolores da República, que não são a actual bandeira de Espanha. Interrogamo-nos se serão antigas, se terão estado escondidas, o que sentiram e como viveram os derrotados que as tiveram, o que lhes foi necessário calar, disfarçar, negar. Porém, fixamos mais atentamente as bandeiras, que de início nos tinham feito sonhar, e vemos que afinal parecem novas e podem ter sido feitas nas oficinas e ateliers que trabalham para qualquer loja, para qualquer mercado.
Mas, ao envolverem e embalarem pequenas urnas, estas bandeiras novas duma República passada falam. De quem as empunha, de quem as manuseia, de quem nem delas se abeira, de quem delas não gosta, das convicções de todos esses homens e mulheres.
E eu já ouvi uma enorme bandeira da República a falar.
Foi, em 2007, numa ceia comemorativa da implantação da República de 1931, em Ourense, organizada pela Associação dos Amigos da República. Naquela noite, corria dum lado ao outro do palco, onde se sucederam os oradores e as canções entoadas. Em longos anos anteriores, tinha estado enterrada num quintal, de onde fora resgatada há pouco, por um filho, já de certa idade. E, do seu novo lugar, a bandeira, comovida, ouviu o nosso Grândola e o Hino de Riego.
Aquilo que a terra escondeu, como terá ido lá parar? Terá sido a vontade de que não caísse nas mãos do inimigo? Terá sido a urgência de esconder algo que podia incriminar quem o tinha? Porque foi o seu local ensinado? O terror e o medo impostos, de sangue ou pedra fria, não teriam abrandado para permitir destruí-la sem levantar suspeitas, em 70 anos, incluindo 30 de pós-franquismo? Já não terá sido a força bruta mas, sim, o medo entranhado a obrigá-la a permanecer soterrada. Contudo, ao salvá-la, aqueles que deste modo agiram tiveram decerto, e também, a esperança de que um dia a bandeira pudesse ser desenterrada, utilizada, libertada. E, significativamente, só o foi muitos anos após o fim da ditadura franquista. E desde aí, num tempo em que as Associações dos Amigos da República e as Associações de Memória Histórica batalham, a bandeira surge, novamente.
Por trás de cada gesto épico, há muitos outros que o possibilitam, bem mais anónimos e invisíveis, de resistência continuada. A radical vontade de mudança está também na determinação quotidiana de, com os pés na terra, assegurar a vida das ideias. Através de palavras e silêncios, de gestos, de objectos simbolicamente investidos.
Que sucessivas histórias contarão estas bandeiras?
Que histórias contarão estes punhos erguidos, por netos, que não conheceram os avós?.